Variedade Tannat é rica em antioxidantes naturais, que também ajudam a prevenir doenças, entre elas, alguns tipos de câncer.
Música, alegria e fartura de dar água na boca. No Mercado do Porto, um dos principais centros de gastronomia de Montevidéu, dá para ter uma idéia do que o uruguaio come e o que ele oferece aos turistas. A parrillada, por exemplo, é muito parecida com o churrasco brasileiro.
É fácil entender por que o Uruguai é o segundo maior consumidor de carne bovina do mundo. O país perde apenas para a Argentina. No ano passado, cada uruguaio comeu, em média, 54,7 quilos de carne. Quase 20 quilos a mais que o consumo dos brasileiros.
Decididamente, o Uruguai é um país de carnívoros. Com tanta carne, tantos assados, tanta gordura, como será que os uruguaios estão cuidando da saúde?
A ciência já descobriu que o vinho contém substâncias que fazem bem a nossa saúde, ajudam a prevenir doenças, especialmente às do coração. Agora, novas pesquisas revelam que a quantidade dessas substâncias é maior em algumas variedades de uva. Uma das campeãs é a tannat, a uva mais plantada no Uruguai.
A variedade, que produz um vinho de vermelho intenso, foi levada da França, no fim do século 19. O nome tannat se deve à forte presença de taninos, que são antioxidantes naturais: combatem o envelhecimento precoce e ajudam a prevenir doenças, entre elas, alguns tipos de câncer.
Uma pesquisa do Instituto Clemente Estábile, em Montevidéu, comparou três variedades de vinhos produzidos no Uruguai: Tannat; Merlot e Cabernet Sauvignon. A pergunta era: qual dos três tipos de vinho seria capaz de retardar por mais tempo a decomposição em cérebros de ratos? O vinho Tannat obteve, de longe, o melhor resultado.
"Todos nós temos defesas que são capazes de contra-atacar os radicais livres, mas, quando eles estão em uma quantidade excessiva, nossas próprias defesas não são suficientes. Então, os antioxidantes vão ajudar o organismo a atacar esses radicais livres e a melhorar certas enfermidades onde se produz isso", explica a bioquímica Carolina Echeverri.
No Brasil, outra descoberta: pesquisadores da PUC de Porto Alegre também compararam vários tipos de vinho tinto e encontraram no Tannat uma elevada quantidade de resveratrol, um antioxidadente potente, batizado de elixir da juventude.
"O resveratrol é um antioxidante diferente porque atua em uma proteína chamada cirtuina, que está ligada ao envelhecimento. Essa proteína evita doenças do envelhecimento, como Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer e doenças cardiovasculares", diz o químico André Arigony.
O cardiologista e professor da Universidade Católica de Montevidéu, Ricardo Benedetti, indica o Tannat para seus pacientes, mas alerta: "Se você já é consumidor de vinho, siga tomando em doses pequenas, porque o vinho pode, em quantidades grandes, levar ao vício e aí entra em outro problema".
Os pacientes que seguem a recomendação perceberam melhoras. O narrador esportivo Carlos Munhoz toma uma taça de Tannat por dia no jantar. E diz que o bom colesterol subiu de 50 para 60 miligramas, o que afasta o risco de um infarto, por exemplo. "Estou me sentindo melhor", afirma Carlos Munhoz.
Fonte: Globo Repórter (exibido em 08/05/2009).
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